Banda Raimundos lançará novo disco de inéditas após dez anos sem gravar
Os Raimundos, de certa forma, representam o último suspiro da geração Rock Brasília. Embora haja uma lacuna temporal e temática entre eles e a turma de Renato Russo, a banda surgiu no fim da década de 1980. Contudo, se dissolveu e reapareceu no começo dos anos 1990, com as canções bem-humoradas e desbocadas que tomaram o Brasil. Houve um vaivém de integrantes e uma mudança de rumo na indústria fonográfica. Eles já não gozam da mesma popularidade de outrora, mas se mantêm na ativa e carregam com vaidade o emblema de um tempo em que Brasília exportava boa música. No começo do ano que vem, entram em estúdio para gravar um novo disco.
A banda está há uma década sem pisar em estúdio para registrar um disco somente com composições inéditas. Kavookavala, o primeiro álbum com Digão à frente, saiu em 2002. Depois disso, vieram um EP, colocado na internet em 2005; um ao vivo, lançado em 2011; e uma parceria com o Ultraje a Rigor, há alguns meses. Sobre o próximo trabalho, ainda há poucos detalhes, mas Digão adianta que estão todos muito animados e que, “se não inventarem mais coisas para eles fazerem”, o disco chega à praça em 2013. Canisso (baixo, membro da formação original), Marquim (guitarra) e Caio (bateria) completam o time.
Digão conta que já tem quatro composições, mas só quando se reunir com os amigos no estúdio é que o trabalho irá tomar forma. Da parte dele, ele adianta que as canções têm a ver com hiperatividade e velocidade. “Tô ansioso para juntar os quatro e começar a misturar tudo”, anima-se. Depois da gravação, vêm outras discussões, como o formato para lançar o trabalho. “Todo mundo tá careca de saber que não se vende mais CD. Ninguém compra, todo mundo baixa”, setencia. “Vou fazer 50 mil discos para ficarem parados nas lojas? É uma tecnologia ultrapassada. Prefiro gastar em divulgação, fazer um clipe bacana.”
Os altos e baixos na trajetória da banda não desanimaram Digão. Ele acredita que, nós últimos tempos, a trupe voltou aos trilhos e que agora tem condição de estourar novamente. “Apesar de já termos um nome, é como se sempre estivéssemos começando de novo”, avalia. “Antes, todo mundo bombava, havia muito investimento das gravadoras, não tem como comparar. Agora, é na raça e na coragem”, destaca. “Qual outra banda f… de rock que entrou e ocupou o lugar do Raimundos? Deixo essa pergunta no ar. Esse disco aí vai ser a prova”, provoca ele, confiante.
Parceria
Em julho, chegou às lojas o disco intitulado O embate do século, em que os Raimundos interpretavam canções do Ultraje a Rigor, e vice-versa. Digão, que se diz fã da banda paulistana oitentista desde “moleque”, comparou a empreitada a pegar um carro incrível e customizá-lo. “Em duas músicas, não teve nem como mexer”, detalha o vocalista. Ele só lamenta o fato de não ter rolado um show ou uma turnê em conjunto — segundo Digão, por causa de Roger, líder do Ultraje.
“Eu já disse isso em outra entrevista: só o Roger que não quer, porque ele é um chato. Ele tá velho já”, dispara, em tom que oscila entre a zoação e a crítica. Digão conta que o músico usou como desculpa tachar a banda brasiliense de “encrenqueiros” e que “se atrasavam para o shows”, mas sem fundamentos. Contudo, não há nenhuma rixa entre os artistas. “Ia ser demais botar o Raimundos e o Ultraje no palco. Mas o Roger não tá muito nessa vibe, não.”
Discografia
» Raimundos (1994)
» Lavô tá novo (1995)
» Cesta básica (1996)
» Lapadas do povo (1997)
» Só no forévis (1999)
» MTV ao vivo (2000)
» Kavookavala (2002)
» Roda viva (ao vivo, 2011)
Fonte: Diário de PE
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