sexta-feira, 14 de outubro de 2011

A marcha contra a corrupção


Há menos de um mês, fizemos algumas observações sobre uma possível articulação nacional que estaria em curso, visando a realização de atos de protesto públicos contra os constantes desvios de conduta, envolvendo figuras notórias dos meios políticos, além de outras cujas atividades eram diferentes, mas tendo como objetivo o desvio de recursos originários do erário.

Despretensiosamente, chamávamos atenção para o crescente clima de indignação generalizada, provocado pela metástese do organismo nacional, em consequência de sucessivos e frequentes fatos ilícitos protagonizados não somente por políticos como por outras pessoas que exerciam outras atividades, todos convergindo, porém, para a malversação de verbas públicas, conspurcando o interesse público para o enriquecimento pessoal em detrimento da “res publica”.

Quarta-feira, materializaram-se inúmeras manifestações de repúdio à desonestidade com o dinheiro público em grande parte do território nacional, com a participação, cremos, ainda, de parcelas majoritárias da classe média, integradas por inúmeros jovens, que se juntaram ao inconformismo dos mais velhos, exigindo um freio à corrupção desvairada que grassa em toda a nação. Frise-se a ausência de conteúdo político-partidário em todas as cidades onde o protesto se expressou com veemência, con­fe­rindo-lhe, por isso, mais força e isenção.

É oportuno registrar que os ilícitos penais daquela natureza no Brasil não são um fenômeno contemporâneo, pois remonta às nossas raízes históricas. O conhecido historiador Eduardo Bueno assinala que autoridades portuguesas que desembarcaram em 1549 no Brasil para instalar os primeiros governos-gerais (Tomé de Sousa e Duarte da Costa) permitiram toda a sorte de desmandos e abusos no trato da coisa pública.

Apropriação de salários de trabalhadores menos qualificados; fraudes na ração alimentar de funcionários públicos; pesos de mercadorias adulterados por autoridades; e, pasme-se, superfaturamento no material destinado às obras da construção da cidade de Salvador, para nos restringirmos apenas a esses exemplos, este último bastante atual.

Essas origens explicam em parte o que ocorre, mas não justifica, por hipótese nenhuma, omissão quanto ao que vem acontecendo no Brasil de hoje. A tendência é crescer a censura e o combate à corrupção, espalhando-se pelo País as justas manifestações de indignação da população, que exige um mínimo de pudor e decência dos que lidam com dinheiro público, dando-lhe a correta destinação.

Fonte: Folha de PE

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