quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Eleições e aborto – I


É compreensível e natural que o segundo turno das eleições presidenciais assuma uma conotação radical, como já se verifica. Mas, ao mesmo tempo, um tema utilizado pelo candidato das oposições, José Serra, parece-nos estar deslocado de uma campanha política. Estamos nos referindo à insistência como ele tenta caracterizar sua opositora como possuidora de duas opiniões contraditórias: favorável, no passado recente, e contrária como diz que a candidata, agora.

A questão, a nosso ver, tratada em termos político-eleitorais assume uma face obscurantista, por se tratar de um tema tão controvertido e de grande amplitude, inclusive entre a hierarquia e setores religiosos, além de científicos. Há outros assuntos mais importantes, merecedores de crítica ao governo do presidente Lula, do que a ênfase dedicada ao aborto, por mais diversos que sejam e, por isso mesmo, a ser debatido seus mais diversos ângulos fora do cenário eleitoral, consequentemente mais adequados.

Em novembro de 2008, apesar de a Constituição Federal definir o Brasil como um Estado laico, que alguns teóricos separam do conceito de nação, o presidente Lula assinou um acordo diplomático com a Santa Sé, que não fere o princípio da laicidade presente na nossa Carta Magna. É um documento administrativo sobre situações vigentes em nosso país, sem desconsiderar as demais confissões.

Para Regina Jurkewicz, doutora em ciências da religião e coordenadora da organização não-governamental “Católicas pelo Direito de Decidir”, e que trabalha com um grupo de educação religiosa, cruzando o discurso teológico com as aspectos da sexualidade. Reprodução, aborto e homossexualidade são alguns deles, contrapondo-se a diversas iniciativas do atual governo, a exemplo de campanhas para o controle da natalidade, de doenças sexualmente transmissíveis e da liberdade de escolha da sexualidade, pontos que não são acolhidos pela totalidade do Catolicismo, como reconhece Regina Kurkewicksli.

Vai mais além, e cita Santo Tomás de Aquino (1225/1274), para quem o feto só recebia a alma , quando do sexo masculino aos, aos 40 dias de vida, e aos 80 se fosse menina. Era o chamado processo de “hominização”, que somente viria a ser condenado pelo Vaticano depois de mais mil anos decorridos. Amanhã, abordaremos outros tópicos do assunto, cuja relevância é indiscutível.

Fonte: Folha de PE

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