segunda-feira, 12 de março de 2012

Olinda: nascida e crescida em volta da Sé, hoje é Patrimônio da Humanidade

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(Farol de Olinda foi reconstruído em 1941 após ser destruído pelo avanço do mar em 1940)

Uma cidade marcada por altos e baixos não só na sua geografia, mas também na sua história. Assim é Olinda, cidade irmã do Recife, povoada em 1535 e palco do pontapé inicial do desenvolvimento de Pernambuco. Desenvolvimento que resultou ainda nas ruínas da própria cidade, em 1631, quando os holandeses vieram com olhos famintos na cana-de-açúcar e incendiaram parte da história da antiga Marim dos Caetés.  Foram anos de esquecimento e abandono durante o período holandês, mas Olinda foi reconstruída, com dificuldade, através dos esforços de religiosos, senhores de engenho e do povo, tornando-se mais tarde Patrimônio Cultural e Natural da Humanidade.


(O Observatório Meteorológico de Olinda foi construído no século XIX, no Alto da Sé. Neste local, o astrônomo francês Emmanuel Liais descobriu o primeiro cometa, registrado, do Brasil e da América Latina)



A cidade nasceu e cresceu em volta do Alto da Sé, local escolhido por Duarte Coelho para dar início à povoação na vila, por ser um ponto estratégico que dava boa visibilidade para o oceano. Olinda tornou-se centro exportador de açúcar para a Europa e, antes de 1630, já contava com mais de dois mil habitantes. Depois de quase um século gerando lucros para a coroa portuguesa, a cidade foi invadida pelos holandeses e incendiada. O frei Bonifácio Mueller narra o fato no livro Olinda e suas Igrejas. “Apenas uma casa sobrou na ladeira da Misericórdia e a Igreja São João dos Militares, distante da vila. A ação incendiária se estendeu depois à zona canavieira”.



(Sede do Homem da Meia-Noite - Olinda também é aclamada e reconhecida por seu Carnaval, uma das maiores festas populares do país. O boneco gigante do homem da meia-noite abre o Carnaval no Sábado de Zé Pereira, a zero hora)


A invasão dos holandeses gerou consequências decisivas para o futuro da cidade, não só pelo incêndio que a levou às ruínas, mas pela instalação do Governo holandês no Recife. Moradores da vila afetada quase que totalmente pelo fogo, mudam o endereço para a nova sede, agora também centro do comércio. Uma nova paisagem de Olinda surge, em 1631. Nova, mas abandonada. A reconstrução só acontece efetivamente com a expulsão dos holandeses, em 1654, e a volta da sede do Governo para cidade, em 1657, o que acirrou a relação dos moradores das duas vilas, desembocando na Guerra dos Mascates, em 1710.


(Museu de Arte Sacra de Pernambuco (MASPE) - Funcionando em prédio tombado – um dos primeiros da Vila de Olinda -, o MASPE foi inaugurado em abril de 1977 e possui um acervo fixo inicialmente construído por peças cedidas pela Arquidiocese de Olinda e Recife. A placa da UNESCO que declara Olinda como Patrimônio Histórico da Humanidade está na fachada do museu)

Apesar das rivalidades entre Recife e Olinda, as cidades estavam do mesmo lado nas revoluções de 1817 e 1824. Ainda na opinião do arquiteto e historiador José Luiz da Mota Menezes, a relação entre as duas surgiu muito antes das desavenças, ainda em 1535. “O conhecimento do porto (do Recife) já existia. Duarte Coelho jamais se instalaria em Olinda sem o Porto do Recife”. Para o historiador, as duas cidades surgiram na mesma época. “O meu ponto de vista é que essa data é uma só, as duas cidades nasceram na mesma data”. E é dessa maneira, dispensando as desavenças longínquas daquela época e relembrando a história, que, nesta segunda-feira (12), Recife e Olinda, juntas, fazem aniversário. Para a cidade Patrimônio Cultural da Humanidade, são 477 anos de lutas comemorados.

Fonte: Folha de PE


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