Euclides da Cunha e "Os Sertões"
No dia 15 de agosto de 2009, dia em que se completam 100 anos do falecimento do escritor e doublé de jornalista, Euclides da Cunha, autor de "Os Sertões", livro que deveria constar da relação de obras obrigatórias de leitura, por se tratar de uma descrição fundamental à compreensão da realidade brasileira de outra época, ainda encontrável em algumas Regiões do País.
Rebelde desde a juventude, capaz de atitudes corajosas e insólitas, como o episódio em que, cadete da Escola Militar, atirou sua espada aos pés do ministro da Guerra, Tomás Coelho, motivado pelo espírito republicano sob a inspiração do professor Benjamin Constant, lente daquele colégio, quando o Brasil ainda vivia sob a tutela do Imperador Pedro II.
Em 1988, desligou-se do Exército. Proclamada a República, foi reintegrado e promovido, ingressando na Escola Superior de Guerra, conseguindo ser primeiro-tenente e bacharel em Matemática, Ciências Físicas e Naturais.
Depois de escrever dois artigos sobre a insurreição de Canudos, o jornal "O Estado de São Paulo" convidou-o a presenciar o final do conflito na condição de correspondente de guerra, sob o argumento que se tratava de um movimento visando o retorno do regjme monárquico, sob as ordens de Antônio Conselheiro, na verdade, um místico com milhares de seguidores na qual prevalecia o fanatismo de pessoas analfabetas de condição social paupérrima.
Em "Os Sertões: campanha de Canudos (1902)", o escritor rompe com a idéia difundida, descobrindo a realidade brasileira no nordeste da Bahia, onde ocorriam os combates, inteiramente diversa da existente no litoral brasileiro. O livro representa uma nova Descoberta do Brasil, dividido, no qual o autor defendia a necessidade de colonização no interior e a construção de uma rede interna de comunicação viária, para impedir a invasão por potências estrangeiras.
Escrita, dividida em partes, a grande obra abriga conhecimentos geológicos, botânicos, mineralogia, tecnologia militar e, especialmente, o conhecimento sobre a pobreza dos brasileiros do interior, submetidos às intempéries que lhes dificultavam a sobrevivência orgânica.
Meio, raça e momento é o tripé em que se baseia Euclides da Cunha, concepção naturalista em que a história é determinada por três fatores, fruto da influência recebida do historiador francês Taine. "Os Sertões", como dizíamos, é separado pelos assuntos ""A Terra", "O Homem" e "A Luta", temas do engenheiro militar, republicano, positivista que viveu no século XIX em um país culturalmente dependente da França. Analisá-lo, em profundidade, exige a percepção do momento em que escreveu, do contexto, da vida, da ciência no Brasil, elementos imprescindíveis para melhor compreensão de um livro definitivo para melhor conhecer a realidade do País, onde as desigualdades regionais já existiam, precedendo as atuais, sem deixar de exaltar a figura do sertanejo como homem forte, criando uma metáfora ao denominá-lo de "rocha viva", inspirado no granito destinado à reconstrução de uma ponte que caíra.
Canudos, onde se travaram as batalhas e a luta final permanece vivo como exemplo de rebeldia de pessoas que não tinham consciência das difíceis condições de sobrevivência, mas capazes de perceber pelo instinto e carisma do seu líder Antônio Conselheiro as injustiças de que eram e continuam sendo vítimas.
Fonte: Folha de PE
Rebelde desde a juventude, capaz de atitudes corajosas e insólitas, como o episódio em que, cadete da Escola Militar, atirou sua espada aos pés do ministro da Guerra, Tomás Coelho, motivado pelo espírito republicano sob a inspiração do professor Benjamin Constant, lente daquele colégio, quando o Brasil ainda vivia sob a tutela do Imperador Pedro II.
Em 1988, desligou-se do Exército. Proclamada a República, foi reintegrado e promovido, ingressando na Escola Superior de Guerra, conseguindo ser primeiro-tenente e bacharel em Matemática, Ciências Físicas e Naturais.
Depois de escrever dois artigos sobre a insurreição de Canudos, o jornal "O Estado de São Paulo" convidou-o a presenciar o final do conflito na condição de correspondente de guerra, sob o argumento que se tratava de um movimento visando o retorno do regjme monárquico, sob as ordens de Antônio Conselheiro, na verdade, um místico com milhares de seguidores na qual prevalecia o fanatismo de pessoas analfabetas de condição social paupérrima.
Em "Os Sertões: campanha de Canudos (1902)", o escritor rompe com a idéia difundida, descobrindo a realidade brasileira no nordeste da Bahia, onde ocorriam os combates, inteiramente diversa da existente no litoral brasileiro. O livro representa uma nova Descoberta do Brasil, dividido, no qual o autor defendia a necessidade de colonização no interior e a construção de uma rede interna de comunicação viária, para impedir a invasão por potências estrangeiras.
Escrita, dividida em partes, a grande obra abriga conhecimentos geológicos, botânicos, mineralogia, tecnologia militar e, especialmente, o conhecimento sobre a pobreza dos brasileiros do interior, submetidos às intempéries que lhes dificultavam a sobrevivência orgânica.
Meio, raça e momento é o tripé em que se baseia Euclides da Cunha, concepção naturalista em que a história é determinada por três fatores, fruto da influência recebida do historiador francês Taine. "Os Sertões", como dizíamos, é separado pelos assuntos ""A Terra", "O Homem" e "A Luta", temas do engenheiro militar, republicano, positivista que viveu no século XIX em um país culturalmente dependente da França. Analisá-lo, em profundidade, exige a percepção do momento em que escreveu, do contexto, da vida, da ciência no Brasil, elementos imprescindíveis para melhor compreensão de um livro definitivo para melhor conhecer a realidade do País, onde as desigualdades regionais já existiam, precedendo as atuais, sem deixar de exaltar a figura do sertanejo como homem forte, criando uma metáfora ao denominá-lo de "rocha viva", inspirado no granito destinado à reconstrução de uma ponte que caíra.
Canudos, onde se travaram as batalhas e a luta final permanece vivo como exemplo de rebeldia de pessoas que não tinham consciência das difíceis condições de sobrevivência, mas capazes de perceber pelo instinto e carisma do seu líder Antônio Conselheiro as injustiças de que eram e continuam sendo vítimas.
Fonte: Folha de PE
Seja o primeiro a comentar
Postar um comentário