Você tem um chefe carrasco? Saiba como lidar
A independência financeira e o sucesso profissional fazem parte da rotina das pessoas, mas nem por isso esta trajetória é simples. O dia-a-dia corrido, a falta de tempo para dedicar à família, o volume de trabalho e o sono pelas noites maldormidas são só uma ponta do iceberg, que pode desmoronar quando temos que aturar a tormenta que é um chefe carrasco.
Gritos, ordens, grosserias e até violência física fazem parte do cotidiano de muitos profissionais. Por falta de opção, eles relevam a falta de respeito e mantêm com unhas e dentes seus empregos. Até que ponto esse tipo de comportamento deve ser aturado no ambiente de trabalho, no qual passamos em média 40 horas toda semana? Como se não bastassem os prazos apertados, a pressão psicológica pode se tornar um fator estressante capaz de causar doenças
Gritos e humilhações
Foi este desespero que viveu na pele a assessora de imprensa Vânia Santos, 33 anos. Mesmo estando hoje em um novo emprego, no qual agradece todos os dias pela chefe parceira que tem, Vânia não consegue se esquecer dos cinco meses de pânico aturando um chefe com sérios problemas psicológicos. "Já estava na empresa há um ano, quando minha chefe tirou licença-maternidade. Foi aí que este maluco apareceu na minha vida, e o pesadelo começou", recorda Vânia.
"Nunca vi ninguém tão arrogante. O homem vivia de mau humor e era extremamente mal educado. Além disso, desrespeitava todas as mulheres da empresa e tinha acessos de descontrole emocional", descreve. O descontrole em questão se tratava de jogar disquetes sobre os funcionários e esmurrar as divisórias entre as mesas. "Era uma loucura! Sempre que chegava ao escritório, dava bom dia para todos, mas ele nem respondia", relata Vânia, que por não aceitar se submeter às regras do jogo, acabou demitida - o que chegou a ser motivo para comemoração.
A grosseria não era apenas com Vânia. "O clima na empresa era péssimo, um desânimo total. Ele agia assim com todos, especialmente com as mulheres, independentemente do cargo que ocupassem", diz a assessora, que chegou a chorar no trabalho por causa da falta de respeito. "Ele não chegava a me chamar de burra, mas fazia comentários que davam a entender isso", conta.
O mundo dá voltas...
Se ter um chefe desequilibrado é terrível, o que fazer quando o carrasco não é nem ao menos seu superior? Como o caso da produtora de eventos Flávia Passos, 29 anos. Flávia passou dois anos aguentando uma das gerentes da empresa na qual trabalha, que apesar de não ser sua chefe, lhe delegava grande parte de seu serviço. "Acabava sobrecarregada e todo dia, às 9 horas, mesmo não estando na empresa, ela ligava para a minha sala para ter certeza de que tinha chegado no horário. Ligava também para meu celular nos finais de semana, mesmo sem motivo, só para antecipar alguma coisa", recorda.
A produtora não era a única a sofrer com a cobrança excessiva da gerente. "Era com a empresa inteira. Se fosse só cobrança, tudo bem, mas ela era uma grossa. Ameaçava e amedrontava os funcionários, além de desvalorizar o trabalho deles", conta Flávia. Mas, como diz o ditado, a vingança vem a cavalo. Depois de azucrinar os colegas por dois anos, foi despedida pelo presidente da empresa.
"Lembro dos funcionários emocionados, se abraçando de emoção. Teve gente que até chorou", descreve Flávia, acrescentando que desde este episódio, há um ano, a ex-gerente não arrumou outro emprego. "É castigo! Ela conseguiu ser odiada pela empresa inteira. Sua secretária ficou doente de nervoso. Até eu, quando tive outra proposta de trabalho, cheguei a pedir demissão. Meu chefe quem me convenceu a ficar", conta.
Depois de se livrar da praga, Flávia foi promovida e ocupa um cargo de chefia. Sensata, a produtora tira uma lição do que passou: "Aprendi com ela como não lidar com meus subordinados. Me esforço para tratar meus estagiários da forma como gostaria de ser tratada. É claro que com alguns funcionários tenho que ficar em cima, cobrar, mas sempre com muito respeito e educação". Flávia conseguiu aprender com a tormenta, só que, na maioria das vezes, tudo que se leva de uma experiência dessas são traumas e uma baixa autoestima.
DICAS:
Acostumado a ver esse tipo de situação acontecer, o psicólogo empresarial Ricardo Estevam dá algumas dicas para se manter um bom relacionamento no ambiente de trabalho. "O bom chefe não manda, mas comanda. Para dar ordens, é preciso antes saber ouvir. Só uma pessoa democrática poderá entender que sugestões contribuem para a melhoria do trabalho. No entanto, há os que encaram isso como ameaça", ensina Ricardo.
Do outro lado da questão, estão os subordinados que, independentemente da relação que tenham com seu superior, precisam respeitar algumas regras. "Assim como o chefe, os funcionários têm obrigações a cumprir. Horário, tarefas e respeito aos colegas são fundamentais. Não se pode esquecer que existe uma hierarquia", atenta o psicólogo.
Se você deu o azar de cair nas garras de um verdadeiro troglodita, siga as sugestões de Ricardo – mas nunca caia no erro de pedir demissão por causa de um problema que não é sua responsabilidade. "É frequente, por medo de ser mandado embora, que o funcionário não reclame com ninguém. Mas sempre aconselho procurar o RH da empresa. Se a empresa não puder ajudar, e o caso for sério, um advogado é a melhor – e talvez a única – solução”, acredita. E acrescenta: "Se o chefe for bem escolhido para o cargo, dificilmente será grosseiro com seus subordinados", finaliza Ricardo Estevam.
Fonte: Click21
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