sexta-feira, 8 de maio de 2009

Ao Amor Antigo


O amor antigo vive de si mesmo,não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede. Nada espera,mas do destino vão nega a sentença.

O amor antigo tem raízes fundas,feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,e por estas suplanta a natureza.

Se em toda parte o tempo desmorona aquilo que foi grande e deslumbrante,
a antigo amor, porém, nunca fenece e a cada dia surge mais amante.

Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste?
Não.
Ele venceu a dor,e resplandece no seu canto obscuro,tanto mais velho quanto mais amor.


Carlos Drummond de Andrade


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