Questão de centavos
Cena 2: numa fila de lanchonete, cliente vê o caixa dizer a cada pessoa à sua frente, depois de tentar, sem sucesso, facilitar o troco: "Vou ficar lhe devendo dez centavos".
Cinco pessoas depois, o rapaz pergunta: "O senhor tem dez centavos?". Ao que nosso cliente responde: "Não. Mas você tem 50 centavos?". Sem entender como se resolveria a questão, o rapaz entrega a moeda. "Obrigada, vou ficar lhe devendo 10 centavos".
"Ele não esperava minha reação. Mas achei absurdo não ter dado o troco a ninguém. No meu caso, seriam 40 centavos, porque a compra terminava em 60 centavos", explica o analista de sistemas Magno Araújo, irmão do engenheiro Pedro Ivo, da primeira cena.
Os dois dizem nem sempre fazem questão dos centavos. A exigência depende do tratamento que recebem. "Fico chateado quando não há satisfação. Tenho um amigo que levou um saco com os bombons que recebia de troco no restaurante que almoçava. Na hora de pagar, entregou o saco. A funcionária teve que aceitar. Ela sabia que todos os dias empurrava bombons e chicletes para ele", continua Magno.
A necessidade do comércio em ter troco para os clientes tem motivado campanhas que trocam itens como pão por moedinhas. Ao contrário de muitos comerciantes, Josébio Araújo - o mesmo sobrenome dos personagens citados é mera coincidência -não enfrenta problemas para conseguir moedas de todos os valores. Com um bar próximo ao Parque 13 de Maio, no Centro do Recife, ele conta com a ajuda de ambulantes e guardadores de carro que trocam as moedinhas no bar. "Não dou chiclete de troco, mas não me incomodo de receber. Depois da moeda de um centavo, a mais difícil de conseguir é a de R$ 1".
O economista André Magalhães, da Datamétrica, considera que deixar de receber alguns centavos de troco não faz diferença no orçamento da maioria das pessoas. Para ele, o grande problema é o custo social desta aparente falta de moedas, que faz o Banco Central produzir mais, mesmo sabendo que a quantidade disponível no país seria suficiente. Esse "sumiço" é chamado de entesouramento - o quesignifica que as moedas estão em cofrinhos, esquecidas em gavetas, ou mesmo são descartadas, pelo baixo valor unitário.
"A pouca importância dada às moedas tem relação com a época da inflação muito alta. As pessoas sabiam que aquele dinheiro não valeria muito depois de duas ou três semanas e muitas vezes jogavam fora. Depois de 15 anos de estabilidade, acredito que isso tem mudado", considera o economista.
Fonte: Diario de PE
Cinco pessoas depois, o rapaz pergunta: "O senhor tem dez centavos?". Ao que nosso cliente responde: "Não. Mas você tem 50 centavos?". Sem entender como se resolveria a questão, o rapaz entrega a moeda. "Obrigada, vou ficar lhe devendo 10 centavos".
"Ele não esperava minha reação. Mas achei absurdo não ter dado o troco a ninguém. No meu caso, seriam 40 centavos, porque a compra terminava em 60 centavos", explica o analista de sistemas Magno Araújo, irmão do engenheiro Pedro Ivo, da primeira cena.
Os dois dizem nem sempre fazem questão dos centavos. A exigência depende do tratamento que recebem. "Fico chateado quando não há satisfação. Tenho um amigo que levou um saco com os bombons que recebia de troco no restaurante que almoçava. Na hora de pagar, entregou o saco. A funcionária teve que aceitar. Ela sabia que todos os dias empurrava bombons e chicletes para ele", continua Magno.
A necessidade do comércio em ter troco para os clientes tem motivado campanhas que trocam itens como pão por moedinhas. Ao contrário de muitos comerciantes, Josébio Araújo - o mesmo sobrenome dos personagens citados é mera coincidência -não enfrenta problemas para conseguir moedas de todos os valores. Com um bar próximo ao Parque 13 de Maio, no Centro do Recife, ele conta com a ajuda de ambulantes e guardadores de carro que trocam as moedinhas no bar. "Não dou chiclete de troco, mas não me incomodo de receber. Depois da moeda de um centavo, a mais difícil de conseguir é a de R$ 1".
O economista André Magalhães, da Datamétrica, considera que deixar de receber alguns centavos de troco não faz diferença no orçamento da maioria das pessoas. Para ele, o grande problema é o custo social desta aparente falta de moedas, que faz o Banco Central produzir mais, mesmo sabendo que a quantidade disponível no país seria suficiente. Esse "sumiço" é chamado de entesouramento - o quesignifica que as moedas estão em cofrinhos, esquecidas em gavetas, ou mesmo são descartadas, pelo baixo valor unitário.
"A pouca importância dada às moedas tem relação com a época da inflação muito alta. As pessoas sabiam que aquele dinheiro não valeria muito depois de duas ou três semanas e muitas vezes jogavam fora. Depois de 15 anos de estabilidade, acredito que isso tem mudado", considera o economista.
Fonte: Diario de PE
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